Pré-candidato à Presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai ter a palavra final sobre as candidaturas do PSDB aos governos estaduais. De acordo com aliados do tucano, a ideia é usar uma resolução partidária de 2014 que deu carta branca à executiva do partido para promover intervenções nos diretórios regionais quando necessário.
Segundo reportagem da Veja, naquele ano, o senador Aécio Neves (MG) era presidente do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, assim como Alckmin agora. A proposta foi aprovada na época pelo diretório nacional, apesar de sofrer forte resistência interna.
A preocupação no entorno de Alckmin é que ele fique sem palanques fortes nos principais colégios eleitorais do país. Pelo mapa atual, o PSDB não tem opções competitivas em Minas Gerais, Rio, Bahia e Pernambuco, que representam cerca de 30% do eleitorado nacional.
Por ora, o partido contabiliza 12 pré-candidaturas consideradas “consolidadas” pela cúpula tucana, mas parte delas pode acabar sendo sacrificada em nome do projeto nacional. Alckmin tem dito a aliados que nesses casos é normal que “a ordem venha de cima”.
Potenciais aliados tucanos na eleição presidencial de outubro, PSD, DEM, PSB e PPS devem apresentar ao governador suas listas de prioridades regionais. Essa equação será decisiva para os tucanos.
O DEM calcula nove potenciais candidaturas estaduais, sendo Goiás, Rio, Bahia e Rio Grande do Sul as prioritárias. Nos quatro estados, a legenda pede que os tucanos apoiem seus respectivos pré-candidatos: o senador Ronaldo Caiado, o ex-prefeito do Rio César Maia, o prefeito de Salvador ACM Neto e o deputado federal Onyx Lorenzoni.
Já as conversas de Alckmin com o PSB só avançarão se o partido desistir de disputar Pernambuco, Distrito Federal e Espírito Santo para apoiar a sigla.
Fator Minas
Base de Aécio, que planeja disputar a reeleição, Minas Gerais é a maior preocupação dos auxiliares e estrategistas do governador paulista. O estado representa 10,6% do eleitorado nacional. O PSDB caminhava para fechar uma aliança com o DEM, que deve lançar o deputado Rodrigo Pacheco ao governo. O acordo, porém, não vingou por causa da resistência do DEM a incorporar Aécio na chapa como candidato ao Senado.
Pacheco, que vai deixar o MDB mineiro para ingressar no DEM, disse nesta quarta-feira (21) que não faz objeção em apoiar a candidatura presidencial de Alckmin no Estado e que gostaria de ter em seu palanque o senador tucano Antonio Anastasia, nome que também agrada ao governador de São Paulo.
Aliados de Aécio, no entanto, ensaiam lançar um deputado federal da bancada mineira com o objetivo de marcar posição e garantir a candidatura à reeleição do senador. Essa opção, por sua vez, desagrada a interlocutores de Alckmin. A solução de consenso seria colocar Anastasia na disputa ao governo mineiro.
Líderes e deputados do PSDB pressionaram nesta quarta Anastasia, que resiste à ideia. Em Brasília, onde passou o dia, Alckmin se reuniu com o senador mineiro e afirmou que ele é o “candidato natural” do partido ao Palácio Tiradentes, sede do governo estadual.