Nesta terça-feira (23), começa em Davos, na Suíça, mais uma edição do Fórum Econômico Mundial e a realidade com que os principais líderes mundiais precisam lidar continua a mesma: a desigualdade entre ricos e pobres não para de aumentar.
Em 2017, 82% de toda a riqueza produzida na Terra foi para as mãos de apenas 1% das pessoas. Ao mesmo tempo, 3,7 bilhões de pessoas — mais da metade da população mundial — não conseguiram nada das riquezas, revela reportagem de Fábio Fleury, do R7.
O número faz parte de um relatório elaborado pela ONG Oxfam Brasil, que mostra que as pessoas mais ricas do planeta estão cada vez mais ricas, enquanto os mais pobres sofrem cada vez mais (veja o quadro abaixo).
Segundo a diretora-executiva da filial brasileira da Oxfam, Kátia Maia, os números mostram que a economia mundial favorece um grupo cada vez menor de pessoas.
— É possível reduzir a desigualdade, distribuir melhor o que se produz, mas para isso é necessário ter boa vontade. Quando políticas de austeridade tocam apenas as pessoas mais humildes, a classe média, elas não estão funcionando, está errado. Os mais ricos precisam contribuir na medida de seus recursos.
Bilionários
A pesquisa mostra que houve um aumento histórico no número de bilionários no mundo: um novo a cada dois dias, no período entre março de 2016 e março de 2017.
Com isso, existem atualmente 2.043 bilionários no mundo — nove em cada dez são homens. E esse aumento, afirma Kátia, só confirma a concentração de renda cada vez maior:
— Esse aumento tem a ver com a maneira como a riqueza é acumulada: às custas do trabalho de uma enorme população que recebe uma parte muito pequena da riqueza. Como se explica que o Brasil tem mais bilionários hoje [43, contra 31 em 2016], em tempos de recessão? Porque a recessão afeta a base da pirâmide. O topo fica intocado. E isso precisa mudar, porque essa trajetória é insustentável.
O estudo também mostra que mais da metade da população mundial vive com renda entre 2 e 10 dólares [R$ 6 a R$ 31, no câmbio de sexta-feira (19)], enquanto no Brasil, por exemplo, apenas cinco bilionários têm patrimônio equivalente à metade mais pobre da população.
De modo geral, a riqueza dos bilionários vem aumentando 13% ao ano, em média, desde 2010. Enquanto isso, a renda dos trabalhadores no mesmo período subiu seis vezes menos (2% anualmente).
Outro dado alarmante é que, se o mesmo nível de desigualdade for mantido, a economia global precisaria ser 175 vezes maior para permitir que todas as pessoas no mundo passassem a ganhar mais de 5 dólares (R$ 16 reais) por dia. Esse crescimento, no entanto, destruiria os recursos naturais.