“As crianças começam a absorver um pouco do amor que a gente tem pra dar. Elas vêem que é um amor sem fins nenhum por trás, a não ser amor por amor. Você vê isso dar frutos. E é a maior recompensa que existe”. O depoimento é de Alexandre Wagner, que, com sua esposa, Célia Regina, resolveu apadrinhar dois irmãos (de 8 e 9 anos), que se encontram em uma Casa de Acolhimento, na cidade de João Pessoa. A ação foi viabilizada por meio do Projeto ‘Meu Padrinho Legal’, desenvolvido pela 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital, que inaugurou, na tarde desta terça-feira (16), o Núcleo de Apadrinhamento Sorriso Infantojuvenil (Napsi).
De acordo com o titular da unidade e coordenador da Infância e Juventude da Capital, juiz Adhailton Lacet, o apadrinhamento afetivo está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e permite que pessoas que não pretendem adotar possam auxiliar na formação de crianças e adolescentes que estão em situação de acolhimento, contribuindo com bem materiais, serviços e, principalmente, afeto.
“Criamos este Núcleo com a Portaria nº 01, publicada no dia 05 de maio de 2017, mas só hoje ele foi formalizado. Desde o ano passado, começamos a cadastrar os pretendentes, que passaram pela avaliação da equipe multidisciplinar da 1ª Vara. O Núcleo é o setor responsável por reunir a documentação necessária, indicar os tipos de apadrinhamento, realizar o acompanhamento, entre outras ações”, adiantou o magistrado.
Durante o evento, o juiz entregou aos padrinhos e madrinhas presentes uma carteirinha com as informações necessárias e falou um pouco sobre o ato de apadrinhar e de adotar, agradecendo a todos pela participação no Projeto. Ele também explicou que o apadrinhamento é voltado para crianças acima de oito anos, ou de qualquer idade, se tiverem algum problema de saúde físico ou mental, além dos adolescentes. “O objetivo é incentivarmos o apadrinhamento daqueles que têm menos chances de retornar para suas famílias ou de serem adotadas”, justificou.
A coordenação do Napsi está a cargo da psicóloga Fernanda Sattwa, que é servidora da Vara. Ela informou que os primeiros seis meses foram de estruturação do Projeto, verificação das demandas e cadastramento de padrinhos/madrinhas. “Agora, pretendemos divulgar esta prática e buscar parceiros”, disse.
A coordenadora do Núcleo explicou, também, que existem três modalidades de apadrinhamento: financeiro, social e afetivo. O primeiro visa oferecer um suporte financeiro para a criança ou adolescente, doando ou arcando com os custos de roupas, materiais escolares, brinquedos, cursos. Já o padrinho social poderá prestar um serviço para a criança ou grupo de crianças e adolescentes, seja com aulas, reforço escolar, atendimento médico, esporte, arte, entre outros.
A terceira modalidade – afetiva – objetiva estabelecer um maior contato com a criança ou adolescente, focando na convivência. “Este padrinho ou madrinha poderá buscar a criança ou adolescente nos finais de semana, levar para uma viagem, podendo, também, promover todas as outras formas de acolhimento. Mas, a intenção é que exista este vínculo e esta proximidade”, destacou.
Célia Regina e o marido são padrinhos afetivos. “Esta ideia surgiu da necessidade de podermos contribuir com o bem estar de outra pessoa, no caso, de crianças ou adolescentes. Depois da nossa aposentadoria, com o tempo mais livre, tivemos esta ideia”, revelou Célia.
Já Alexandre explicou que tudo começou com uma visita. “É impossível visitar as crianças e não querer levá-las para casa para passar um fim de semana. Após isso, nos cadastramos e esperamos todo o processo de avaliação da Vara e, assim que foi aprovado, nós as levamos. Foi um momento maravilhoso”.
Já a madrinha Nélvia Maria de Almeida desenvolve a modalidade de ‘apadrinhamento social’. Mãe de duas filhas, Nélvia afirmou que sempre gostou de crianças e resolveu se envolver com o trabalho de apadrinhamento realizado pela Igreja Cidade Viva. “São crianças e adolescentes carentes de afetividade. O nosso trabalho é feito com brincadeiras, com a parte pedagógica e, principalmente, com amor. Estou lá para dar amor, em primeiro lugar”.
COMO SE TORNAR PADRINHO
Atualmente, João Pessoa dispõe de nove Casas de Acolhida. Até o momento, as crianças contam com 12 padrinhos, dos quais, cinco foram formados através do Núcleo, que também está realizando a adaptação dos demais. A informação foi prestada pela coordenadora Fernanda Sattwa.
Para se tornar um padrinho ou madrinha, os interessados devem procurar o Núcleo de Apadrinhamento Sorriso Infantojuvenil (Napsi), no Setor de Acolhimento do Fórum da Infância e Juventude da Capital. A unidade está situada na Avenida Rio Grande do Sul, nº 956, Bairro dos Estados, em João Pessoa.
Mais informações podem ser adquiridas através do telefone (83) 3222-6156.
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