Professor Reginaldo Gonçalves, coordenador do Curso de Contabilidade da Faculdade Santa Marcelina (FASM), salienta que rebaixamento da nota brasileira pela agência internacional de risco Standard&Poor’s é justificado, mas pondera que o fato não prejudicará investimentos estrangeiros, pois é crescente o interesse de empresas pelo mercado nacional
Depois de uma breve euforia pela inflação anual de 2017 abaixo do centro na meta, ou seja 2,95%, e justificando a retomada da economia, em nada foi surpresa para o mercado, já que o comprometimento do BACEN é inflação entre 2,5% e 6,5% ao ano, observa o professor, explicando: “O que houve, na realidade, foi uma pressão por falta de consumo significativa que fez com que os preços fossem pressionados para baixo, somente não valendo para os administrados, que continuam em alta ascendente”.
Para Reginaldo Gonçalves, a retomada tímida do crescimento foi muito aquém da necessidade de recuperação, embora nos últimos meses houvesse pequena melhora, motivada, porém, pela demanda reprimida e o consumo do período natalino e de final de ano. Entretanto, pouca reação se viu com relação aos mais de 12 milhões de desempregados, muitos dos quais enfrentando o subemprego para sobreviver.
“Infelizmente, o governo continua gastando mal o dinheiro que arrecada. A máquina administrativa continua inchada e a pressão por aprovação de projetos como a Reforma da Previdência está exigindo uma manobra financeira envolvendo uma ciranda de recursos e mudanças jamais previstas, mesmo porque o endividamento não está congelado. Pelo contrário, o déficit primário está fazendo com que a dívida aumente cada vez mais”, ressalta o professor.
Para o docente da FASM, a redução da nota não vai fazer com que haja melhoria e não exige qualquer ação de desespero por parte do governo. “É de conhecimento de todos que a nota para cima ou para baixo não vai trazer mais ou menos emprego. O mundo tem dinheiro para investir e procura países emergentes para colocar seus recursos, e o Brasil não perdeu essa característica. Pelo contrário, cada vez mais empresas estrangeiras têm interesses em negócios no País e buscam alternativas para aproveitar esse cenário. A única coisa que a nota baixa trás é que o País deixa de ter o nível de investimento e passa a ter maior vulnerabilidade quanto ao risco de inadimplência”.
A possibilidade de calote por parte do Brasil, entretanto, é uma possibilidade muito distante, analisa Reginaldo Gonçalves, ressalvando: “Mas, se o governo continuar com essa jogada política de escambo para aprovação de projetos e o desemprego seguir alto, dificilmente teremos a retomada da confiança, embora a economia já esteja desmembrada do fator político, que é de conhecimento de todos. Cabe ao governo, no mínimo, ter prudência com os recursos e gastar somente o que arrecada”.
*Reginaldo Gonçalves, professor e coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).