O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira (PRB), pediu demissão no início da tarde desta quarta-feira. Em carta entregue ao presidente Michel Temer, Pereira afirmou que deixa a pasta para poder se dedicar a “questões pessoais e partidárias”. Pereira alegou a Temer que precisava se desincompatibilizar do governo para “trabalhar” sua campanha para deputado federal. Pela legislação, ele teria até o início de abril para se desligar do cargo de ministro, informa reportagem de Fernando Nakagawa e Carla Araújo, do Estadão.
No pedido de demissão, Pereira, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e um dos líderes do Partido Republicano Brasileiro (PRB), reiterou apoio ao governo, mas disse que tem que reestruturar o partido nacionalmente para as eleições. Por isso, não conseguirá conciliar essas ações com a gestão do ministério. Ele estava à frente da pasta desde maio de 2016, quando Temer assumiu interinamente a Presidência da República com o impeachment de Dilma Rousseff.
No texto, o agora ex-ministro diz que o quando assumiram o governo estava “falido e despedaçado” e “com coragem enfrentamos os desafios que foram impostos”. “Hoje observamos que o país encontrou seu curso novamente”, afirma. Ele também cita que quando assumiu foi criticado pela imprensa que por ser “um pastor não terá condições de exercer destacada função”. “Mas os avanços nesses 20 meses de trabalho incansável provaram que o problema do Brasil não é a fé das pessoas, que é de foro íntimo, mas a vontade de cada uma para servir e realizar”.
Pereira destaca ainda que durante sua gestão no MDIC não fez grandes mudanças estruturais para acomodar aliados. “Espero ter honrado o setor produtivo brasileiro, o meu partido, o PRB – desde a Executiva Nacional, as bancadas federais, estaduais cada um dos filiados do imenso Brasil – e aos meus colegas ministros. Despeço-me”, escreveu.
No texto, Pereira lista algumas das ações que fez durante sua gestão e lamenta não ter entregado uma política automotiva compatível com a “grandeza e importância” dessa cadeia produtiva. Na lista de realizações, Pereira destaca, por exemplo, a renovação por 5 anos do acordo bilateral automotivo com a Argentina. “Fortalecemos os laços com o nosso principal parceiro na América do Sul”, diz.
Pereira também escreve que deixa a pasta com o acordo entre União Europeia e Mercosul muito próximo de se concretizar. “Na Argentina, em dezembro, demos o passo mais significativo nesta negociação que se arrasta há 17 anos”.
É a terceira baixa no ministério de Temer em um mês. No último dia 27, o deputado federal Ronaldo Nogueira (PTB) pediu demissão do cargo de ministro do Trabalho alegando querer se dedicar ao seu projeto eleitoral. No início de dezembro, Antonio Imbassahy (PSDB) se demitiu da Secretaria de Governo, um dia antes da convenção nacional tucana que referendou o governador Geraldo Alckmin na presidência do PSDB.
TEMER TEM ENCONTRO COM ROBERTO JEFFERSON
Temer tinha previsto um encontro – que ainda não constava na agenda oficial – com o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, ainda nesta quarta-feira. A reunião, entretanto, pode acontecer na residência oficial.
Eles querem discutir sobre uma nova indicação para a vaga de ministro do Trabalho, deixada por Ronaldo Nogueira semana passada. Temer aguardava uma nova indicação do PTB, que deve manterá o controle da pasta, após o nome do deputado federal Pedro Fernandes (PTB-MA) ter sido vetado pelo ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Agora, com a saída de Marcos Pereira, abre-se mais um espaço na Esplanada.