Mesmo com a elevada rejeição ao governo do presidente Michel Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje acreditar que Temer seria um bom cabo eleitoral em uma eventual campanha sua para concorrer ao Palácio do Planalto. Em coletiva na sede do PSD, partido ao qual ele é filiado, Meirelles afirmou que “está claro” que os índices de aprovação do governo começam a melhorar e que a recuperação da economia ajudará ainda mais nesse sentido.
“Acredito que sim (Temer é bom cabo eleitoral), talvez não hoje, mas certamente em 2018. Com a recuperação da economia, os índices de aprovação do governo vão mudar muito”, afirmou Meirelles, de acordo com reportagem de Renan Truffi e Idiana Tomazelli, do Estadão.
O governo revisou recentemente sua projeção para o crescimento em 2018, elevando de 2% para 3%. Ele admitiu que a votação da reforma da Previdência poderá ter efeito, mas essas estimativas são muito “imprecisas”, segundo o ministro. “Se efeito (de uma não aprovação) for muito negativo, o PIB pode cair mais do que esperamos. Se for aprovada, dizer que vai crescer 3,25% em 2018 é muito impreciso. Por que não 4%?”, disse, emendando um sorriso.
“Independentemente de 2018, o efeito positivo da aprovação da reforma da Previdência para os anos seguintes é muito forte”, afirmou o ministro.
Para o ministro da Fazenda, o presidente Michel Temer está certo em não descartar uma candidatura à reeleição em 2018. Meirelles se esquivou, porém, de responder sobre como seria uma virtual disputa entre o presidente e seu ministro na campanha eleitoral do ano que vem.
“A resposta do presidente é absolutamente correta (sobre não descartar candidatura à reeleição). Mas isso não influencia em nada, na medida em que nem tomei decisão (sobre concorrer ou não)”, disse Meirelles em entrevista coletiva no PSD, partido ao qual é filiado.
Mais cedo, o ministro disse que Temer seria um bom cabo eleitoral, principalmente no ano que vem, quando a recuperação da economia deve se refletir nos índices de popularidade do governo atual.
Se alguém do governo resolver se candidatar, seja o próprio ministro, Temer, ou aliados, a avaliação de Meirelles é que isso não vai influenciar as votações no Congresso Nacional. O governo ainda pretende ver aprovada a reforma da Previdência e medidas de ajuste fiscal para fechar as contas em 2018. “O período eleitoral se aproxima e debate é absolutamente legítimo”, afirmou.
O ministro reiterou que vai tomar sua decisão sobre a candidatura entre o fim de março e início de abril do ano que vem. “Está tudo de acordo com previsto”, afirmou.
Meirelles deixou a coletiva do PSD desejando feliz Natal, um Ano-Novo de “celebração e de esperança”, com crescimento forte da economia. O ministro saiu sorridente, fazendo acenos e sinal de positivo com a mão.
O ministro disse que a decisão sobre uma eventual candidatura à Presidência da República em 2018, pelo PSD, levará em conta aspectos “pessoais”. Apesar disso, o ministro já tem elencado os fatores políticos que podem pesar em sua decisão, que deve ser anunciada somente em março do ano que vem.
“Começarei com decisão pessoal: se estou disposto ou não a entrar nesse processo [eleitoral]. Depois viriam questões políticas, partidárias, coligações e tempo [de TV]”, explicou antes de citar a influência das pesquisas de intenção de voto. “Sobre pesquisas, não estou pensando agora em tomar decisão e em qual é o critério. [O critério] não é ‘vou ser candidato se passar da porcentagem tal’. Se fosse assim, eu já teria tomado uma decisão, o que não é o caso”, justificou.
Meirelles foi questionado sobre como seria sua postura em relação ao governo Michel Temer em uma eventual campanha eleitoral. Segundo o ministro, caso ele decida mesmo se candidatar, fará uma defesa enfática da gestão peemedebista. “Nos meus tuítes de hoje, já existe defesa explícita do governo Temer. É um governo do qual faço parte e que teve coragem de fazer todas as reformas”, argumentou.
O ministro também teve de responder questionamentos sobre o fato de não ter mencionado, no programa partidário do PSD, que será exibido hoje em cadeia de rádio e televisão, sua participação no governo Lula. Meirelles foi presidente do Banco Central durante os dois mandatos do petista. Apesar disso, na inserção comercial de seu partido, o ministro faz, inclusive, críticas às gestões petistas sem mencionar nominalmente a legenda ou o ex-presidente.
“É um programa partidário, falei da minha carreira. Não é algo para falar de membros de outros partidos. Não falei de Lula, assim como não caberia falar de FHC”, explicou. Em entrevista à Rádio Estadão, recentemente, Meirelles chegou a dizer que seria melhor para o debate política ter Lula como candidato em 2018.
Ele disse que sua decisão sobre eventual candidatura ao Palácio do Planalto “não está condicionada a um fator específico”. Ele citou uma série ampla de fatores e afirmou que “tudo influencia”.
“Na hora, vamos analisar todas as condições, não só isso que você mencionou, mas também minha disposição pessoal e decisão partidária”, disse Meirelles, referindo-se à pergunta que citava pesquisas de intenção de voto e desempenho da economia.
Caso seja candidato, o ministro já adiantou que vai destacar a criação de empregos e a melhora na arrecadação.
Também afirmou que sua posição nas pesquisas de intenção de voto será levada em conta na hora de definir se será ou não candidato à Presidência da República pelo PSD, partido no qual está filiado atualmente. Além disso, Meirelles afirmou que a posição do partido sobre lançá-lo candidato deve ser um fator fundamental para essa decisão.
“A posição nas pesquisas [de intenção de voto] e tudo que for relevante será levado em conta [na decisão]. A decisão partidária também será levada em conta, mas estou pensando alto”, disse depois de negar que já esteja pensando sobre a possibilidade de se candidatar em 2018. “Não estou pensando nos fatores para decidir sobre candidatura. Na hora, analisaremos as condições”, complementou.
Apesar de minimizar a discussão, Meirelles enalteceu a recuperação econômica como um ponto importante para viabilizar sua disputa nas eleições. “Caso eu tome decisão no futuro [sobre se lançar candidato], discutirei temas como empregos. Quando discutida a questão social, programas do governo são relevantes, mas o melhor [programa] é a criação de empregos. Não há programa social que compense o desemprego”, disse.
O ministro ainda destacou as compras de Natal como uma questão importante para mudar a percepção da sociedade brasileira em relação à recuperação econômica. “Ainda tem muita gente desempregada, mas Natal pode influenciar nessa sensação. A sensação de bem estar não está instalada na sociedade ainda, isso demanda tempo”, justificou.