Com dificuldades de conquistar o apoio necessário para aprovar a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer pediu ajuda a empresários e fez um apelo ao PSDB em novo esforço para tentar votar a proposta neste ano.
Durante um evento esvaziado, Temer recebeu investidores e representantes do setor produtivo no Palácio do Planalto nesta terça-feira (12) e pediu que eles pressionem deputados e senadores a apoiar o texto, informa reportagem de Gustavo Uribe, Laís Alegretti, Maeli Prado, Daniel Carvalho, Bruno Boghossian, e Marina Dias, da Folha.
O presidente disse ser “legítima” a preocupação dos parlamentares em votar a favor de uma proposta considerada impopular às vésperas das eleições. Ele ressaltou, contudo, que, se a medida não for aprovada agora, será tema presente na disputa do ano que vem.
“A hora é agora, e é por isso que queremos aprovar neste mês. Não se pode dizer que, se não aprovar neste ano, é uma derrota, porque não será. Mas queremos que isso aconteça agora, porque aí tira isso da frente”, afirmou.
O salão principal do Planalto foi preparado para o encontro com centenas de cadeiras, mas o público foi menor que o esperado e parte dos assentos precisou ser retirada.
Cerca de 150 pessoas participaram do evento –entre elas, ministros e assessores que foram convocados para dar volume ao encontro.
A assessoria de imprensa do governo não divulgou a lista de empresários presentes, o que é incomum em encontros desse tipo.
Para dar argumento aos empresários na busca por votos, Temer destacou que a imprensa tem demonstrado posição favorável à reforma.
“Não há momento melhor. Os senhores podem perceber que a imprensa toda brasileira, sem exceção, está apoiando com editoriais e notícias. Então, a hora é agora”, afirmou o presidente.
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) adotou a mesma estratégia. “Meses atrás existia atitude reticente, observadora, por parte da mídia. Hoje, não. A mídia apoia integralmente.”
ALCKMIN
Auxiliares do presidente também intensificaram o contato com o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), para tentar obter uma declaração oficial de apoio do partido à reforma em reunião da sigla prevista para esta quarta (13).
Para o governo, uma manifestação formal dos tucanos a favor da proposta (fechamento de questão, no jargão político) provocaria um efeito cascata em outros partidos e ajudaria o Planalto.
A cúpula do PSDB se reúne na manhã desta quarta para debater o tema. Dirigentes do partido acreditam que há apoio suficiente para estabelecer orientação de voto a favor da reforma.
Emissários do Planalto e do governador tucano também articulam um encontro entre Temer e Alckmin após a reunião. Seria o primeiro movimento de reaproximação da dupla desde que o PSDB começou a se afastar do governo, após a crise aberta pela delação da JBS.
Caso o governo não consiga votos para levar o texto ao plenário este ano, o Planalto pretende explorar a falta de apoio do PSDB à proposta e compartilhar o ônus do fracasso com os tucanos.