O PMDB voltou a cortejar o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) e tenta atrair o tucano para entrar no partido. A sigla, que não tem candidato à Presidência desde Orestes Quércia (1994), pretende ter um em 2018 e não descarta uma eventual candidatura de Doria caso ele tope trocar de legenda, revela reportagem de Ricardo Chapola, da Veja.
“O PMDB está pronto para receber Doria, porém sem compromisso nem veto quanto à candidatura”, disse uma pessoa próxima ao presidente Michel Temer (PMDB). Procurado pela reportagem, a assessoria de Doria afirmou que “isso não está em discussão”. Nesta terça-feira, o tucano e Temer vão se encontrar em um evento em São Paulo, na Zona Sul da capital. Em agosto, o presidente chegou a afirmar ao prefeito, durante reunião na prefeitura, que o PMDB estava de portas abertas para recebê-lo.
Segundo um tucano muito próximo ao prefeito, esse movimento só não se concretizou ainda porque Doria estaria esperando a Justiça se decidir sobre a denúncia da Operação Lava Jato contra Alckmin, o que poderia afetar a candidatura presidencial do governador. O pedido de abertura de inquérito contra o tucano foi enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no fim de novembro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Delatores apontaram pagamentos a campanhas do tucano via caixa dois. Cerca de 2 milhões de reais teriam sido entregues a um cunhado de Alckmin em 2010, de acordo com o ex-executivo Carlos Armando Paschoal. De acordo com o delator, o governador chegou a participar pessoalmente de um acerto. O governador nega irregularidades.
Candidato governista
O PMDB vem acenando que pretende ser cabeça de chapa há algum tempo. Na segunda-feira 4, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o governo terá um candidato à Presidência na eleição de 2018 e negou apoio à candidatura de Alckmin.
No ninho tucano, a candidatura de Alckmin à Presidência virou unanimidade, após uma “guerra fria” travada entre ele e Doria. Nessa época, o prefeito acabou sendo criticado pelas viagens pelo país, interpretadas como uma estratégia para fortalecer seu projeto político de ser presidente da República.
Para pacificar o PSDB, auxiliares do prefeito passaram então a aconselhar Doria a se acertar com Alckmin e sugerir a ele que fosse candidato ao governo de São Paulo. Doria teria, inclusive, se reunido o governador há quinze dias para pedir o apoio do tucano na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O prefeito, no entanto, não seria o único tucano a almejar a vaga – conforme revelou VEJA, o senador José Serra também tem interesse.