O presidente Michel Temer atua nos bastidores para que partidos da base aliada fechem questão a favor da reforma da Previdência em bloco quando a proposta for levada a votação na Câmara.
A avaliação de governistas, no entanto, é de que isso só será possível se o PMDB, partido de Temer, e o PSDB tomarem a dianteira e decidirem fechar questão antes dos demais. Os tucanos marcaram reunião para quarta-feira, 6, para decidir o posicionamento da sigla sobre a reforma, revela reportagem de Igor Gadelha, do Estadão.
O fechamento de questão sobre um tema é uma decisão tomada pela maioria da executiva nacional de um partido. Quando isso acontece, os parlamentares daquela legenda que votarem de forma diferente ao que determinou a direção da sigla podem ser punidos até mesmo com a expulsão.
Caso o PSDB (46 deputados) e o PMDB (60 deputados) decidam fechar questão a favor da reforma da Previdência, governistas acreditam que pelo menos outras quatro legendas devem seguir o “exemplo”: PP (46 deputados), DEM (29 deputados), PRB (22 deputados), além do PTB (16 deputados), que divulgou carta nesta segunda-feira, 4, orientando seus parlamentares a votarem a favor das mudanças nas regras das aposentadorias.
“A ideia é trabalhar o fechamento junto com outros partidos da base, PTB, DEM, PRB, PMDB, PSDB e PP”, disse ao Broadcast Político o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), que participou de jantar neste domingo na residência oficial da Presidência da Câmara com demais lideranças partidárias para discutir estratégias para conseguir votar a reforma.
Para Rossi, a posição dos tucanos deve influenciar a decisão do PMDB e das demais siglas.
Lideranças do DEM, PRB e PP, no entanto, usam o discurso de que o fechamento de questão de grandes partidos pode levar outras legendas a seguirem a mesma decisão, mas não dão garantias.
“Não garanti. Disse que, se todo mundo fechar, vamos trabalhar para fechar também”, afirmou ao Estadão/Broadcast o ministro Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços), presidente licenciado do PRB.
“Vejo mais na linha do diálogo com a bancada do que fechamento. Mas é claro que, se um partido der o exemplo, pode inspirar outros”, disse ao Estadão/Broadcast o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB).
Segundo interlocutores, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou na reunião ma residência do presidente da Câmara que, se os tucanos e peemdebistas fecharem questão, o PP também pode fechar.
Também integrantes da base aliada, PR (37 deputados), PSD (38 deputados) e Solidariedade (14 deputados) já informaram que não fecharão questão de forma alguma a favor da reforma da Previdência.
“O PR não vai fechar questão. Se forçar muito, daremos 15 votos”, disse o líder do PR, José Rocha (BA).
O líder do PSD, Marcos Montes (MG), também diz que a sigla não deve fechar questão, pois não há consenso sobre o tema. Já o Solidariedade diz que é contra a reforma como um todo.
Para aprovar a reforma das regras das aposentadorias no plenário da Câmara, o governo precisa de pelo menos 308 votos a favor da proposta em cada um dos dois turnos de votação.
Governistas trabalham para que a proposta seja votada na próxima semana, mas ressaltam que só topam votar se tiverem de 320 a 330 votos garantidos. “Hoje não temos nem 300 votos”, admite Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo na Casa.