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Lava Jato serviu de modelo para Operação Andaime, na Paraíba, e dezenas pelo país

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Seis horas da manhã. Policiais chegam à casa do investigado, que é levado preso ou conduzido coercitivamente para prestar depoimento, após ser implicado em uma delação premiada.

O cenário descrito acima, popularizado a partir da deflagração da Operação Lava Jato, serviu de modelo a dezenas de operações país afora, que têm levado políticos à prisão em âmbito estadual e municipal.

O que Lama Asfáltica (MS), Sodoma (MT), Sevandija (SP), Andaime (PB), Mar de Lama (MG), Alba Branca (SP) e outras operações têm em comum com a prima famosa de Curitiba (PR) é o uso de novos métodos de investigação regulamentados pela Lei das Organizações Criminosas, de 2013, informa reportagem de Marcelo Toledo e Carolina Linhares, da Folha de São Paulo.

A norma prevê a colaboração premiada, interceptações, gravações e obtenção de dados bancários e fiscais, por exemplo. Segundo os investigadores, essa regulamentação deu segurança jurídica a operações.

“Quando essas técnicas foram assimiladas pelo meio jurídico não foi à toa que começaram a surgir investigações mais robustas. O que a Lava Jato fez foi mostrar a outros agentes de investigação que o emprego dessas técnicas funciona”, disse Tiago Misael, procurador da República da Paraíba, que atua na operação Andaime.

Iniciada em 2015, ela mirou esquema de fraude em contratações em prefeituras do Alto Sertão da Paraíba, o que levou uma prefeita à prisão e afastou outros do cargo.

Oito pessoas delataram o esquema. Estima-se que R$ 5 milhões, dos R$ 45 milhões desviados, tenham sido recuperados.

“Se verificou que investigar corrupção com depoimento ou interrogatório de testemunha, os métodos tradicionais de investigação, não atendem à necessidade que esses crimes de corrupção demandam.”
No mesmo Estado, a Operação Veiculação completou um ano em setembro, após fiscalização da CGU (Controladoria-Geral da União) detectar licitações direcionadas para locação de veículos em três cidades do sertão. As fraudes envolvem mais de R$ 11 milhões. Prefeitos e servidores foram presos.

No interior paulista, a Operação Alba Branca é outro exemplo. Desencadeada em 2016 para apurar suposto pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e com 22 municípios, contou com três acordos de delação premiada e 14 mandados de prisão temporária.

Foi conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), também responsável pela investigação da Operação Sevandija, que levou à prisão a ex-prefeita de Ribeirão Preto Dárcy Vera (PSD).

“[A Lava Jato] Influenciou num clima favorável para que essas operações ocorressem, já predispondo a população a favor delas. Quanto mais isso é feito, mais se percebe que a população tem interesse em saber o que de fato se passa com nosso dinheiro”, disse o promotor Leonardo Romanelli, de Ribeirão.

Para ele, as operações foram facilitadas com o uso das delações e conduções coercitivas. “Esses instrumentos modernos de investigação estão sendo mais difundidos, e a Lava Jato é uma inspiração tardia no Brasil, já há muito utilizada, sedimentada, sem qualquer rebuliço, nos países mais avançados. A gente espera que isso se consolide e não haja, como houve, tentativas de retrocesso.”

NOVO PADRÃO

Juíza responsável pela Operação Sodoma, Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal do Mato Grosso, não rejeita a comparação com Sergio Moro: “é um ‘apelido’ muito honroso para mim”, disse.

Ela, que decretou a prisão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), no entanto, discorda que a Lava Jato inspire outras ações contra a corrupção no país. “Cada operação só é deflagrada quando há provas indiciárias suficientes. Sem isso não há como.”

Para a magistrada, um dos fatores que levou a essa contemporaneidade de ações contra corruptos foi justamente a Lei das Organizações Criminosas.

Professor de direito da FGV-Rio, Joaquim Falcão diz, porém, que a Lava Jato foi essencial para a aplicação da lei pelo país.

Ele descreve o que chama de “novo padrão de Justiça”, que teve como precursor a investigação do Banestado, foi visto no mensalão, se reforçou com essa nova legislação e atingiu o ápice na Lava Jato.

O novo padrão é basicamente a ação anticorrupção como a conhecemos hoje: com órgãos de controle convergindo, conduzida por uma geração jovem e que não ocupa cargos por indicação política, mas por mérito, uso de tecnologia, rapidez e preparação para evitar prescrições e nulidades, além de ser pública e midiática.

“A publicidade tem tido um efeito formativo, didático, de espalhar a possibilidade”, disse.

Na Sodoma, além de prisões preventivas, buscas domiciliares e quebra de sigilos, também foram criados um laboratório de lavagem de dinheiro e um comitê de recuperação de ativos, que resultaram na “maior operação de combate a corrupção do Estado”, segundo o delegado da Polícia Civil Lindomar Tofoli.

Em Mato Grosso, depois de 13 fases da Ararath e cinco da Sodoma, Barbosa assinou uma delação premiada chamada de “monstruosa” pelo ministro do STF Luiz Fux e passou à prisão domiciliar em junho.

HAJA LAMA

Na Operação Mar de Lama, desencadeada em Governador Valadares (MG) em 2016, nota-se outra característica propagada pela Lava Jato: a cooperação entre investigadores.

A ação mira desvios de verba para obras após fortes chuvas na cidade e tem um braço estadual e outro federal, com participação de PF, PM e dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, além da CGU.

Após delações, foram presos nove vereadores, secretários e empresários. “O grande legado dessas operações é exatamente a confiança que a população passa a ter nas autoridades”, disse o promotor Evandro Ventura da Silva, do Ministério Público do Estado.

A Operação Lama Asfáltica, em Mato Grosso do Sul, apura um esquema de corrupção que pode ter desviado R$ 235 milhões dos cofres públicos.

Ela teve delação de Ivanildo da Cunha Miranda, apontado como operador do ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Preso no dia 14, na quinta fase da operação, Puccinelli e seu filho, André Puccinelli Júnior, foram soltos no dia seguinte após decisão do TRF da 3ª Região.

Para o procurador Davi Pracucho, as delações e conduções coercitivas deram “um fôlego mais rápido às investigações”. “Justamente por isso são premiadas, trazem para o processo provas que o Estado demoraria mais tempo para alcançar.”

Na opinião do delegado da PF Cleo Mazzotti, responsável pela operação, há um esforço institucional contra a corrupção, que gera um efeito de descrença da população em relação aos governos. “Justamente pelas instituições estarem funcionando parece que o país está à deriva, mas não está. O fruto vai ser colhido a longo prazo.”

Editoria de Arte/Folhapress
MODELO LAVA JATO Operações anticorrupção pelo país adotam mesmas técnicas de investigação
MODELO LAVA JATO Operações anticorrupção pelo país adotam mesmas técnicas de investigação

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Efraim é relator de projeto para tornar punição mais severa em crimes de roubo de fios de cobre

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Em conversa com jornalistas nesta sexta-feira (22), o senador Efraim Filho (União-PB) se manifestou sobre sua relatoria ao Projeto de Lei nº 3780, de 2023, que aumenta o rigor da legislação penal para coibir novos crimes de furto, roubo, estelionato, receptação e interrupção de serviço telefônico, e outros de utilidade pública.

O parlamentar disse que é preciso aumentar as penas e incluir na legislação a proteção de bens jurídicos caros à sociedade como, por exemplo, roubos e furtos de cabos e equipamentos de telecomunicações.

“A população não pode ficar à mercê desses bandidos que prejudicam a coletividade, colocando em risco a segurança de todos e gerando estragos irrecuperáveis. O código penal precisa ser atualizado para evitar uma legislação branda para esses delitos. Não dá para ficarmos lenientes com crimes dessa natureza”, desabafou.

Efraim relembrou, ainda em tom de indignação, a recente invasão e o roubo de fios de cobre na Paraíba que afetou a distribuição de água na Região Metropolitana de João Pessoa afetando cerca de 760 mil pessoas.

“Hoje, existem quadrilhas criminosas especializadas que operam de forma criteriosa na subtração de equipamentos de alto valor, como cabos de cobre e baterias. Essas ações infratoras comprometem, muitas vezes com danos irreparáveis, serviços de utilidade pública como emergências médicas”, disse.

Em 2023, mais de 5,4 milhões de metros de cabos de telecomunicações foram subtraídos, um aumento de 15% em relação a 2022, e mais de 7,6 milhões de clientes tiveram seus serviços interrompidos.

“Nosso trabalho legislativo vai ser firme no sentido de punir severamente esses criminosos. O PL 3780 definirá como crime qualificado, com penas mais rigorosas, e não mais como crime comum, o furto e roubo de celulares e de cabos de energia elétrica e telecomunicações ou outros que afetem serviço essencial,” concluiu.

O relatório já está em fase de conclusão e será apresentado em breve pelo parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

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Relatório final da PF aponta Bolsonaro como “líder da organização criminosa” em tentativa de golpe

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O relatório final de 884 páginas da Polícia Federal (PF) sobre o plano de golpe de Estado no Brasil aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “líder” do grupo de 37 pessoas que, de acordo com a PF, organizou um plano para mantê-lo na Presidência após a derrota nas urnas para o presidente Lula (PT).

O documento, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21), relata que Bolsonaro “permeou por todos os núcleos” a organização criminosa apontada pela investigação. A Polícia aponta, ainda, que, apesar de transitar em todos os núcleos, “atuou diretamente na desinformação e ataque ao sistema eleitoral”.

Indiciados

Após um ano e dez meses de investigação, a PF indiciou nesta quinta-feira (21/11) o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas nesse inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado no Brasil e plano de assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Morais.

Também estão entre os indiciados alguns ex-ministros do governo, como Anderson Torres (Justiça), general Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Defesa e Casa Civil).

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid também está na lista, além do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

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Comissão analisa emendas a reforma dos processos administrativo e tributário

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A comissão temporária encarregada de modernizar os processos administrativo e tributário (CTIADMTR) voltará a analisar três projetos que aprovou em junho e que, depois, receberam emendas no Plenário do Senado. A reunião da comissão está marcada para quarta-feira (27/11), a partir das 14 horas. O relator das três projetos é o senador paraibano Efraim Filho (União Brasil).

As propostas vieram de anteprojetos apresentados por juristas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e depois formalizados como projetos de lei. Elas haviam sido aprovadas em decisão terminativa e iriam direto para a Câmara dos Deputados, mas receberam recurso de senadores para que fossem analisadas também em Plenário. Ao todo, os três projetos receberam 79 emendas dos parlamentares, que devem ser analisadas pela CTIADMTR.

Um dos projetos que retornou para análise é o da reforma da Lei de Processo Administrativo (LPA — Lei 9.784, de 1999). O PL 2.481/2022 foi aprovado na forma de um substitutivo para instituir o Estatuto Nacional de Uniformização do Processo Administrativo. Serão analisadas 29 emendas apresentadas em Plenário.

Outro projeto é o de novas regras para o processo administrativo fiscal federal (PL 2.483/2022), que também foi aprovado como substitutivo. O texto incorporou os conteúdos de dois outros projeto que estavam em análise na comissão: o PL 2.484/2022, que tratava do processo de consulta quanto à aplicação da legislação tributária e aduaneira federal, e o PL 2.485/2022, que dispunha sobre mediação tributária na cobrança de dívidas fiscais. A comissão votará 36 emendas ao projeto.

O terceiro é o PL 2.488/2022 que cria a nova Lei de Execução Fiscal. O objetivo do texto é substituir a lei atual (Lei 6.830, de 1980) por uma nova legislação que incorpore as inovações processuais mais recentes e ajude a tornar a cobrança de dívidas fiscais menos burocrática. Foram apresentadas 14 emendas.

Comissão

As minutas dos projetos foram elaboradas pela comissão de juristas criada em 2022 pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. A comissão foi presidida pela ministra Regina Helena Costa, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Depois, os textos foram apresentados como projetos de lei por Pacheco e remetidos para uma nova comissão, constituída por senadores. O senador Izalci Lucas (PL-DF) presidiu o colegiado.

Fonte: Agência Senado

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