Acusado de estelionato, Celso Éder Gonzaga de Araújo, preso nesta terça-feira, 21, por supostamente encabeçar um grupo que aplicou golpes em pelo menos 25 mil pessoas em todo o Brasil, com apenas 24 anos de idade, movimentou R$ 3,7 milhões em uma de suas contas bancárias. Ele está encarcerado temporariamente no âmbito da Operação Ouro de Ofir, deflagrada em Brasília, Goiás e Mato Grosso do Sul. Segundo os investigadores, ele é um dos líderes de uma organização que prometia lucros milionários às vítimas em negócios fictícios envolvendo ouro ‘do tempo do Império’ e antigas ‘letras do Tesouro Nacional’.
Segundo relatório, com renda de R$ 20 mil, Éder recebeu 455 transações de ‘quase todos os estados brasileiros’ que chegam a R$ 1 milhão, de acordo com informações do Blog do Fausto Macedo.
O empresário teria se utilizado de sua empresa, a Company, que patrocina a Federação de Futebol do Mato Grosso do Sul e estampa seu nome nos campeonatos estaduais, para aplicar os golpes. Suas transações milionárias foram identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) – órgão ligado ao Ministério da Fazenda responsável por rastrear transações suspeitas.
As informações sobre relatório do Coaf constam em decisão que deflagrou a Ouro de Ofir, do juiz federal substituto da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Ney Gustavo Paes de Andrade.
‘”O Coaf informou que Celso Éder Gonzaga de Araújo, neto de Celso de Araújo, com apenas 24 anos de idade, teve renda de R$ 20.504,00 entre 01.06.16 e 05.09.16, mas sua conta bancária do Bradesco registra, no mesmo período, uma movimentação de R$ 3.448.779,00, sendo R$ 1.765.385,00 provenientes de TEDs e R$ 1.008.480,00 originários de 455 depósitos vindos de quase todos os Estados (SP,PR,CE,TO,DF,MG,PB,MS,MT,PI,RJ,GO,AL,BA,RS,SC)”.
Segundo o inquérito, diversas narrativas foram inventadas pela suposta organização criminosa para ludibriar as vítimas. No entanto, apenas os crimes cometidos por intermédio de duas histórias são alvo da ação deflagrada nesta terça, 21.
Uma delas se refere a uma família de Campo Grande (MS) detentora dos lucros sobre a venda de centenas de toneladas de ouro do tempo do Brasil Imperial (1822-1889), mas, para repatriar os valores obtidos com os lucros, alega ter um acordo com uma ‘Corte Internacional’, que coloca uma condição: 40% do montante que receberiam os herdeiros no Brasil teriam de ser doados a terceiros.
De acordo com as investigações, os supostos integrantes montaram um esquema em que escalavam ‘correntistas’ em todo o país para espalhar a falsa história e cooptar pessoas que quisessem ser os destinatários dos 40%, mas com uma condição: pagar, pelo menos, R$ 1 mil para obter uma cota, com uma promessa de retorno de um milhão de reais.
A Polícia Federal dá conta de que, em outro golpe, as vítimas davam valores em troca de uma comissão sobre a ‘recuperação de antigas letras do Tesouro Nacional’. O esquema era o mesmo: em troca de quantias de, no mínimo, R$ 1 mil, eram prometidos às vítimas grandes lucros.
O nome da operação faz referência a uma passagem Bíblica, na qual o ouro da cidade de Ofir era finíssimo, puro e raro, sendo o mais precioso metal da época. Ofir nunca foi localizada e nem o metal precioso dela oriundo.
COM A PALAVRA, ÉDER
A reportagem não localizou a defesa do empresário e também não foi atendida pelo telefone da Company. O espaço está aberto para manifestação.