Após repercussão negativa, o presidente Michel Temer ordenou que o PMDB não divulgue novo filme de sua propaganda partidária no qual ironizava um discurso da ex-presidente Dilma Rousseff “saudando a mandioca” como uma das “maiores riquezas do Brasil”.
O vídeo, aprovado por Temer no fim de semana, seria veiculado em rede nacional a partir desta terça-feira (21) como a 12ª peça da série “O Brasil segue em frente”, criada pelo publicitário Elsinho Mouco, informa matéria de Marina Dias, da Folha.
Depois da divulgação do conteúdo do filme pela Folha, porém, o presidente reviu sua decisão. Segundo auxiliares Palácio do Planalto, o vídeo gerou reações de parlamentares aliados, incomodados com a ironia, e da própria Dilma, que classificou a peça de “mal educada, grosseira e vulgar”.
“Esta propaganda tem o caráter do governo golpista. É machista e racista”, escreveu Dilma em nota.
Temer comunicou sua equipe no início desta semana sobre a decisão de não veicular o vídeo em rede nacional.
Programa PMDB
O filme de cerca de trinta segundos relembrava o discurso da ex-presidente na abertura dos Jogos Indígenas, em 2015. A fala se espalhou nas redes sociais e foi muito utilizada por adversários como argumento para justificar uma suposta incapacidade de articulação da petista.
“Se não recuar de sua decisão [de divulgar a propaganda], o governo golpista vai citar, em tom de deboche e com insinuação de duplo sentido, uma fala feita por mim na abertura dos Jogos Indígenas, em 2015, quando fiz referência à principal fonte de alimentação dos índios, que acabou sendo adotada por toda a população brasileira, tornando-se um símbolo de nossa culinária. O vídeo da propaganda política, que vazou à imprensa, confirma o machismo e a misoginia de um governo que deprecia as mulheres e as populações indígenas”, completou Dilma em nota.
No vídeo, uma apresentadora dizia que “não dava para esquecer” o discurso de Dilma. “2016, com a economia em frangalhos, Dilma Rousseff anunciava a mandioca como uma das mais importantes conquistas do país”.
O discurso, porém, foi feito em junho de 2015.
“O PT de Dilma desenterrou a mandioca e enterrou o país. Estava mesmo na hora de tirar o país do vermelho”, completa a narradora em uma analogia à cor do PT, partido da ex-presidente.