Ex-jogador da seleção brasileira de futebol, o agora comentarista Junino Pernambucano fez uma crítica irônica ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, por meio do Twitter,valendo-se de metáfora futebolística para se referir a decisões do magistrado. Publicada nesta quinta-feira (16), a postagem compara o juiz a um zagueiro que, com a tarefa de proteger “seus atacantes”, foi o “melhor da temporada”, informa reportagem de Fábio Góis, do Congresso em Foco.
“Agora na hora de escolher os melhores, não esqueçam do melhor zagueiro da temporada. Protegeu seu time, não deixou passar nada, nem por cima nem por baixo e ainda liberou seus atacantes pra ficarem bem livres no jogo. Parabéns Gilmar Mendes, jogou demais…”, escreveu o ídolo do Vasco, hoje comentarista dos canais do Grupo Globo de comunicação.
Com quase cinco mil retuítes e 12 mil curtidas até a publicação desta reportagem, a manifestação provocou compartilhamentos de parlamentares como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), senador que faz oposição ao governo Michel Temer – com quem Gilmar tem relação de amizade a ponto de, às vésperas da votação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ter se reunido com o presidente, fora da agenda oficial, no Palácio do Jaburu, residência da Vice-Presidência da República.
Para Randolfe, Juninho manteve a tradição do chute com categoria à média distância e fez um “golaço”. “Gol, Gol, Gol, Golaço de @Juninhope08”, escreveu o congressista amapaense, depois de compartilhar o material do ex-craque.
Com o registro, Juninho Pernambucano aproveita a reta final do campeonato brasileiro de futebol para fazer referência metafórica ao fato que Gilmar, polêmico presidente do TSE, atua para “proteger” conhecidos, livrando-os da cadeia, e defende pontos de vista polêmicos como a revisão da lei da delação premiada e da Lei da Ficha Limpa. Conhecido pelo antagonismo ao Partidos dos Trabalhadores e pela proximidade com diversos tucanos investigados no STF, Gilmar foi flagrado em interceptação telefônica com Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais investigados na Operação Lava Jato, em conversa com menção a outro senador, Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
Recentemente, o ministro causou polêmica com duas decisões, contestadas e repetidas, a respeito da soltura do empresário Jacob Barata Filho e do ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Lélis Teixeira, ambos novamente presos em decorrência da Operação Cadeia Velha, da Polícia Federal. Seria mais uma decisão na mais elevada instância da Justiça brasileira não fosse o fato de que o ministro foi, em 2013, padrinho de casamento da filha de Jacob, Beatriz Perissé Barat. Gilmar não se declarou suspeito para julgar o caso e disse que nele não estão configuradas as possibilidades de impedimento ou suspeição estabelecidas em lei.
Silêncio do Jaburu
Nesta quinta-feira (16), depois de inúmeras reuniões não divulgadas com Temer, Gilmar Mendes resolveu tornar pública a razão de outro encontro com o presidente. Segundo a pauta oficial agora conhecida – ao contrário de outra, no último domingo (12), quando nada foi revelado sobre o novo encontro –, os amigos conversaram sobre o horário de verão e suas implicações durante as eleições de 2018, quando o sucessor do peemedebista no Palácio do Planalto será conhecido. Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça, mas a Câmara o livrou das investigações ao menos por enquanto.
Em junho deste ano, foi de Gilmar o voto decisivo que manteve Temer no exercício do mandato. O ministro mudou o próprio entendimento, por ele mesmo manifestado à época da gestão Dilma Rousseff, a respeito de abuso de poder econômico durante as eleições presidenciais de 2014. “Nós não devemos brincar de aprendizes de feiticeiros”, disse o presidente do TSE, acrescentando ter pedido o andamento da ação iniciada pelo PSDB não para cassar quem quer que seja, mas para que o país tomasse conhecimento de como as campanhas eleitorais são financiadas. “Nunca pensei em cassar Dilma Rousseff. Não vendo ilusões.”