Com a presença de representantes de cinco partidos aliados no estado — PTB, PV, PPS, DEM e PSB — o governador Geraldo Alckmin foi ovacionado como o candidato tucano à eleição presidencial de 2018 durante a convenção estadual do PSDB, realizada neste domingo na Assembleia Legislativa de São Paulo. Antes da chegada do governador ao evento, seus aliados fizeram críticas ao senador Aécio Neves e sugeriram que ele se afastasse do partido para não “manchar a imagem” da legenda. Durante a convenção, Alckmin não tocou no assunto. Próximo ao governador, o deputado estadual Pedro Tobias foi reconduzido à presidência do PSDB em São Paulo, informa reportagem de Cleide Carvalho, de O Globo.
Tido como um dos principais concorrentes na disputa pela candidatura tucana a presidente em 2018, o prefeito João Doria chegou junto com Alckmin e fez um discurso rápido em prol da unidade:
— Esta é a convenção da pacificação. É de São Paulo que sairá a força para vencer a eleição. Vamos erguer a bandeira tucana, a bandeira do PSDB. Não há espaço em São Paulo e no Brasil para a bandeira vermelha — discursou Doria, que saiu da convenção antes do término e não ouviu Alckmin ser ovacionado como o candidato do partido em 2018.
Doria, que havia atacado o ex-governador Alberto Goldman em outubro, antes de ele assumir a presidência do PSDB, dizendo que ele “vivia de pijama em sua casa”, ainda fez um gesto de aproximação e pediu uma salva de palmas ao presidente interino da legenda. Numa crítica indireta a Doria, o grupo “Ação Popular” formado por jovens do partido, ovacionou a Goldman enquanto cantava: “Eu vim de pijama”.
Ao tomar o microfone, Alckmin assumiu um discurso de candidato e falou sobre a necessidade de recolocar o Brasil no rumo da eficiência e produtividade e impedir que caia no “populismo latino-americano”.
— Temos que saber jogar o jogo do século 21 — disse o governador de São Paulo. — Devemos ser o Zé Ninguém a serviço de uma grande causa — completou Alckmin, pontuando que, na sua opinião, a hora é de ousadia, de coragem e de enfrentar riscos.
Alckmin disse que o PSDB precisará enfrentar o corporativismo estatal e privado para mudar o país. Citou como exemplo a reforma da Previdência, que não deve, afirmou, ser fiscalista e, sim, romper com privilégios.
Questionado por jornalistas se aceitaria a presidência do PSDB em nome de apaziguar o partido, o governador não descartou a possibilidade. Aliados defendem que Alckmin aceite o posto caso seja um nome de consenso entre os correligionários e não precise disputar a eleição. São candidatos a presidente do PSDB o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo. O nome de Alckmin para a presidência do partido foi defendido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na última sexta.
— Temos dois pré candidatos. Vamos aguardar. Essa é uma decisão coletiva do Brasil inteiro.
SERRA PEDE ‘SHALOM’
O senador José Serra, que não levantou os braços quando Pedro Tobias, bradou pela aclamação de Alckmin como candidato a presidente em 2018 e único nome capaz de unificar o partido, discursou contra a ameaça autoritária e disse que a democracia, como um bebê, tem que ser cuidada diariamente para não ser “estuprada” e “arrebentada”.
Serra disse que o PSDB tem que lembrar ao país os seus feitos, do Plano Real, que debelou a inflação, à mudanças no setor de saúde, que ele fez quando assumiu a pasta durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
— Fazemos aliança sem perder o rumo — disse Serra, afirmando que o papel do partido é ajudar o Brasil crescer sem ideias reacionárias ou populistas.
O senador terminou seu discurso pedindo shalom (paz, em hebraico), enquanto jovens da Ação Popular gritavam “um dois três, é Serra outra vez”. O senador tem se movimentado para ser o candidato tucano ao governo do estado, embora aliados dizem que ele ainda não desistiu de concorrer à Presidência da República.
Alckmin, Goldman e Serra foram ovacionados pelo grupo “Açao Popular”, que prega a volta do PSDB às origens.
Reconduzido à presidência do partido em São Paulo, Pedro Tobias afirmou que a situação do PSDB não é boa e que o futuro sa legenda não pode ser decidido por um grupo de “40 pessoas”, referindo-se aos deputados federais e senadores.
— Estamos à beira de uma divisão. Se alguém fez a coisa errada, que caia fora — bradou.