O Curso de Preparação Psicossocial e Jurídica para pretendentes à adoção foi encerrado na tarde desta quarta-feira (8). O evento, que aconteceu no auditório da Escola Superior da Magistratura (Esma), teve início ontem, com palestras e relatos de experiência, abordando aspectos jurídicos e sociais da adoção, e temas como apadrinhamento e adoção necessária.
A formação, com carga horária de 16 horas-aula, teve como objetivo preparar os pretensos pais adotivos com informações sobre as noções importantes que envolvem o processo de adoção, tirando as dúvidas dos requerentes sobre o instituto e suas etapas.
Na manhã de hoje, foram debatidos os temas: ‘Setor de guarda e destituição do poder familiar’, em palestra proferida pela assistente social Maria Mayara de Lima; ‘Aspectos pedagógicos da adoção’, com apresentação da pedagoga Ana Paula Mélo; e ‘Aspectos psicológicos da adoção’, explanação feita pela pisicólaga Ana Lúcia Cananéa, da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA). Foram apresentados, também, os trabalhos do Projeto Acolher e do Grupo Adoptare.
Durante a tarde, foram realizados oficinas, dinâmicas, exibição de filme e sorteio de brindes. Houve, ainda, um relato de experiência feito por Tatiane Wanderlei e, por fim, o encerramento com a entrega dos certificados aos participantes.
Segundo explicou Maria Goreti Dantas, psicóloga e coordenadora do Setor de Adoção da 1ª Vara da Infância e da Juventude da Capital, o curso de preparação para pretendentes à adoção faz parte dos pré-requisitos obrigatórios previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente.
“Através da Lei nº 12.010/09, existe esse novo contexto para o processo de habilitação. Atualmente, aqui na Vara da Infância de João Pessoa, nós fizemos o curso em dois dias, em parceria com a CEJA. Além de abordar todos os aspectos da adoção, foi importante porque trabalhamos questões como as convivências e o perfil de cada adotante e, também, perfis das crianças e adolescentes”, acrescentou Maria Goreti.
Patrícia Monteiro participou do evento e afirmou ter sido satisfatório, especialmente porque os relatos serviram de encorajamento para enfrentar a fila no cadastro de adoção. “Foram dois dias intensos, muito esclarecedores, as palestras abordaram todos os aspectos. E, as experiências das pessoas que já adotaram, que são pais e mães agora, foram perfeitas. A gente sai ainda mais motivado, bem informado e estimulado pra esse ato de amor”, afirmou.
Relato de experiência
Tatiana Wanderlei, que enfrentou a fila para adoção por duas vezes e é mãe de duas crianças, relatou a sua experiência de passar pelo processo. Quando decidiram ter um filho, ela e o marido, Jeferson Fonteles, descobriram uma impossibilidade biológica por problemas de saúde e optaram pela adoção, a princípio, fora dos trâmites legais.
“Quando os amigos e familiares souberam da nossa ansiedade por um filho, surgiram muitas pessoas oferecendo crianças para adoção. E, eu não vou dizer que negava. Todas as vezes a gente aceitava, mas todas as vezes deu errado. Então, nós entramos para o cadastro nacional, conforme a lei, e desistimos de adotar sem ser por vias legais, principalmente pela segurança que o processo passa para nós. Passamos por essa gestação invisível duas vezes e valeu a pena, somos pais de duas crianças”, declarou Tatiana.
Jeferson, por sua vez, relatou o receio que teve no início e afirmou ter feito algumas objeções à ideia de ser pai de uma criança adotada. “Pelo preconceito que existe até hoje, e eu absorvi muito, pela questão de o filho não ser biológico. Então, hoje, contamos nosso testemunho nos cursos e tomamos como missão tirar esse preconceito, e abrir os olhos dos outros pais, principalmente os homens, que têm mais resistência quanto à adoção. Ser pai mudou a minha vida, e digo pai e não pai adotivo, como também chamo meus filhos de filhos, e não filhos adotivos”, mencionou.