O senador Tasso Jereissati (CE) lançou oficialmente a sua candidatura à presidência do PSDB, na manhã desta quarta-feira, 8, com a defesa de um código de ética “mais rigoroso” e de um novo estatuto que contemple adoção do sistema de compliance (conjunto de boas práticas) para fiscalização interna do partido e seus integrantes. Durante o evento, realizado na liderança da sigla no Senado, estavam presentes 14 deputados e seis senadores tucanos, informa reportagem de Julia Lindner, do Estadão.
O cearense vai disputar a vaga com o governador Marconi Perillo (GO), apoiado pelo presidente licenciado da sigla, senador Aécio Neves (MG). Tasso representa o grupo que defende a saída do partido do governo Temer. O movimento foi reforçado desde o último final de semana, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou artigo defendendo o desembarque dos tucanos.
Jereissati reforçou que a sigla deve apresentar um programa de partido “que deixe muito claro o papel do Estado, a atuação da iniciativa privada e qual a atuação social que o governo deve ter”. O programa, que serviria de base para a campanha para a eleição de 2018, já está sendo elaborado por um grupo de economistas. “Queremos que isso apresente para a população que é possível, sim, fazer política com decência e honestidade.”
A plataforma de Jereissati é firmada no discurso de que a legenda precisa se “reconectar com as ruas”. “Não estou colocando meu nome à disposição para rachar, e sim para unir, mas não adianta ficar unido aqui e distante do povo, temos que ficar conectados com a população, que é tudo o que um partido político precisa”, defendeu o tucano ao anunciar a candidatura. Ele avaliou que a política e os políticos “sofrem de uma enorme descrença”, mas “não existe na história nenhuma saída fora da política”.
Para Jereissati, a disputa pela presidência do PSDB com Perillo não representa um racha na legenda, e sim “sinal de vida”, demonstrando que “o partido está mais vivo do que nunca”. “Estamos partindo para a convergência, mas isso não significa unanimidade.”
Ele comparou o momento ao da criação do PSDB, no final da década de 1980, por iniciativa, principalmente, de parlamentares dissidentes do PMDB. “É uma refundação, uma reciclagem, pode chamar do que quiser, é uma profunda autocrítica, com o objetivo de se reconectar com as ruas”, disse o senador sobre suas propostas.
De acordo com Jereissati, “há uma enorme identidade” dos tucanos com as reformas propostas pelo governo Michel Temer, porém, no aspecto político, o partido “está muito distanciado das práticas fisiológicas do governo”. Sobre um eventual desembarque do PSDB até o final do ano, o senador disse que a decisão deve ser tomada até a convenção do partido, em dezembro. “Vamos resolver isso até a convenção. Não sou eu que vou resolver isso sozinho, é o partido.”
Questionado sobre a pressão de integrantes do chamado “Centrão” para tomar os cargos do PSDB no governo, Jereissati considerou que é “um show de fisiologismo”. “Essa história de dizer ‘só voto se tiver isso’, ‘só voto se tiver aquilo’ é justamente do que queremos nos distanciar”, rebateu.