O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou a jornalistas nesta segunda-feira, 30, que ainda não há decisão sobre novas medidas para o uso do FGTS como estratégia para estimular a atividade econômica.
“Estamos analisando se há ou não mais algum espaço. É importante assegurar que existam recursos remanescentes para o financiamento da habitação, principalmente a popular.”
Uma estimativa feita pela Caixa Econômica Federal obtida pelo Estadão/Broadcast aponta que o uso do FGTS para pagar dívidas do financiamento estudantil, o Fies, poderá levar ao saque de R$ 70 bilhões de recursos do fundo dos trabalhadores. No final de semana, uma reportagem do O Globo dizia que o governo também avalia o uso do FGTS para quitar crédito consignado.
Nesta segunda, entretando, Meirelles disse que a questão será “analisada com muito cuidado” para avaliar se há margem para mais saques no Fundo e o que “tiver que ser feito será”. No primeiro semestre, os saques de contas inativas injetaram mais de R$ 40 bilhões na economia e ajudaram a estimular a atividade econômica.
“Esperamos que o ano que vem seja ano de crescimento sólido”, disse Meirelles aos jornalistas, ressaltando que o índice de desemprego está caindo, mas ainda em velocidade lenta. “O fato concreto é que estamos na direção certa (para fazer a economia voltar a crescer)”, disse o ministro.
A Fazenda deve rever as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) na semana que vem. Meirelles disse que a previsão atual, de expansão de 2% para 2018, tem “viés de alta”.
“É muito provável que a economia cresça mais que esse patamar.” Mais cedo, o ministro ressaltou que não seria uma surpresa se a expansão vier acima de 3%.
Reclamação. Ainda nesta segunda, a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) emitiu nota criticando a possível intenção do governo de destinar o FGTS para outras finalidade para além da aquisição de imóveis, destinação clássica do fundo desde sua criação em 1967.
“A mudança radical da destinação dos recursos para a habitação pode incorrer em sérios problemas para a economia do País. Lesa não somente o trabalhador, que sonha em adquirir sua casa própria, como também o setor da incorporação e o restante da cadeia, impactando, inclusive, nos empregos diretos e indiretos que são gerados a partir das obras na construção civil”, afirma a Abrainc.