O presidente Michel Temer deixou, pouco após as 20h desta terça-feira, o Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB). Temer estava acompanhado de assessores, seguranças e da esposa, Marcela Temer. Ela foi a única pessoa fora da equipe do peemedebista a encontrá-lo durante a tarde. O presidente saiu do local andando e acenou e fez sinal de positivo para os jornalistas.
— Tô inteiro — afirmou.
Temer passou a tarde desta quarta-feira realizando exames devido à uma obstrução na uretra. Ao mesmo tempo, aliados do governo agiam para conseguir o quórum necessário para iniciar a votação da segunda denúncia pelo plenário da Câmara.
O líder do PMDB no Senado, Raimundo Lira (PB), esteve na porta do hospital para uma “visita de cortesia” ao presidente. Entretanto, foi impedido de entrar. O parlamentar foi o primeiro aliado do presidente a chegar no local.
— Acho que é excesso de trabalho, muito cansaço. Ele está dando o máximo para fazer o trabalho dele — avaliou o líder do PMDB, revela O Globo.
O presidente, que tem 77 anos, foi internado no início da tarde desta quarta-feira. O Palácio do Planalto informou, por meio de nota, que o presidente sentiu um “desconforto” pela manhã e foi consultado por um médico do próprio Planalto, que constatou uma obstrução urológica. O médico recomendou que Temer fosse avaliado no hospital.
Ao deixar o hospital, Temer seguiu para o Palácio do Jaburu, sua residência oficial, e não para o Palácio do Planalto. A primeira-dama Marcela Temer chegou ao Hospital do Exército por volta das 17h.
De acordo com o Palácio do Planalto, Michel Temer foi submetido a um procedimento para aliviar a dor chamado de “sondagem vesical de alívio por vídeo”. Segundo o informe, o presidente permaneceu em repouso ao longo da tarde.
Por volta de 13h, depois de sentir dores para urinar, Temer pegou o elevador e desceu ao anexo do Palácio, onde fica a equipe médica. Examinado pelo médico de plantão, foi aconselhado a ir ao hospital para investigar a obstrução urológica. O presidente seguiu então para o hospital, acompanhado apenas da equipe que faz a segurança do presidente.
Temer vem sentindo o desconforto há alguns dias, mas apenas hoje a dor piorou.
AVIÃO PREPARADO
O avião presidencial foi preparado para levar Temer a São Paulo, caso fosse necessário. Porém, a transferência do presidente foi descartada por volta das 17h, após a informação de que Temer receberia alta ainda nesta quarta-feira.
O médico Roberto Kalil, do hospital Sírio-Libânes, esteve em contato com a equipe de médicos de Brasília do presidente. O médico estuda ir a Brasília, caso Temer precise fazer alguma operação. Kalil é diretor do Hospital Sírio Libanês, na capital paulista, onde Temer se trata.
O ministro da secretaria do Governo, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), disse que o presidente sentiu um “mal-estar” e que estava bem.
— Ele está no hospital fazendo exames urológicos. Mas está bem e está voltando — relatou Imbassahy.
O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB ), deu explicações sobre o estado de saúde do presidente durante a sessão na Câmara dos Deputados, que analisa, nesta quarta-feira, a denúncia contra o presidente. Aguinaldo disse que Temer passou por um “procedimento de rotina”, e ressaltou que foi orientado a tocar a sessão.
— O presidente acaba de passar por um procedimento de rotina, temos a orientação de tocar a sessão porque ele se encontra absolutamente bem — disse Aguinaldo Ribeiro.
PADILHA ORIENTA BASE
A internação de Temer ocorreu no dia em que a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) será votada no plenário da Câmara. O presidente é denunciado por organização criminosa e obstrução de Justiça junto a dois de seus ministros — Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral).
Apesar da internação do presidente Michel Temer, líderes do governo foram orientados pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, a seguir trabalhando normalmente para derrotar a denúncia no plenário da Câmara. Padilha está à frente do comando da tropa da base aliada do governo.
Pouco depois da divulgação de informações de que Temer estava no Hospital do Exército, Padilha falou pelo telefone com o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), e com o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Orientou os líderes a tocarem normalmente a sessão.
— A votação vai seguir normalmente. Padilha falou com André e Aguinaldo e está tudo certo — disse um assessor do Palácio do Planalto.
ENTENDA O PROBLEMA DE SAÚDE
O problema de obstrução urológica igual ao registrado no presidente Michel Temer normalmente é provocado em homens com mais de 70 anos de idade vítima de hiperplasia prostática. Trata-se de um aumento no volume da próstata. Temer completou 77 anos no mês passado.
O inchaço bloqueia o canal da uretra, dificultando o esvaziamento da bexiga, criando desconforto no paciente. Para melhorar os sintomas — que podem provocar desmaios em alguns pacientes por conta de eventual queda de pressão —, pode ser necessária a colocação de uma sonda.
Esse equipamento pode ser mantido por alguns dias até que a equipe médica estabeleça o protocolo ideal para redução do inchaço da próstata, se com remédios ou eventualmente com cirurgia, considerada simples.