Pelo menos cem pessoas foram presas nesta sexta-feira, 20, na maior operação já realizada no Brasil e na América Latina de combate à pedofilia na internet. De acordo com o Ministério da Justiça, 178 mandados de prisão foram expedidos em 24 Estados e no Distrito Federal. Foram analisados 151 mil arquivos na investigação, que durou seis meses, revela o Estadão.
Cerca de 1,1 mil policiais civis foram às na operação Luz na Infância , que foi corrdenada coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, em parceria com secretarias de segurança regionais, polícias civis e a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Segundo a Senasp, é uma das maiores operações na área já realizadas no mundo. Os presos estavam em posse de material pornográfico que evidencia exploração sexual de crianças e adolescentes.
“Essa investigação foi resultado de um esforço internacional, juntamente com os Estados Unidos e vários países da Europa, como Espanha e Reino Unido”, afirmou o ministro da Justiça, Torquato Jardim. Segundo o ministro, a cooperação com esses países é contínua e abarca outros crimes, como tráfico de drogas, armas e pessoas, crimes financeiros e cibernéticos.
A investigação conjunta identificou os principais alvos da operação – pessoas acusadas de armazenar e disseminar conteúdo de pornografia infantil e pedofilia na internet. Em alguns casos, os presos eram responsáveis também pela produção do conteúdo. Muitos deles foram presos em flagrante na operação, que envolveu mais de mil policiais.
Segundo o ministro, foram identificados indivíduos e também grupos de criminosos, que atuam isoladamente e em rede. “Mas não temos informações ainda sobre o perfil dos presos, como sexo, idade”, disse o ministro.
Com base nas informações coletadas na investigação, as polícias civis dos Estados instauraram inquéritos policiais. A operação só não foi realizada em dois Estados, Amapá e Piauí, porque não houve tempo hábil nessas regiões para a conclusão das investigações.
Foram apreendidos computadores e dispositivos informáticos usados pelos criminosos, onde estavam armazenados os conteúdos. O ministro explicou que criminosos mais sofisticados conseguem invadir computadores alheios, onde trabalham secretamente. Garantiu que os investigadores sabem diferenciar os criminosos dos hospedeiros involuntários – que não foram presos.
Luz na Infância. O nome da operação é uma referência à ‘deepweb’, ambiente online onde pedófilos costumam compartilhar materiais. Segundo o ministro, além da internet normalmente usada por todos, há outros três níveis da rede – o mais secreto deles é a chamada “deep web” ou internet profunda. “É lá que atuam as grandes redes criminosas”, afirmou. A investigação foi feita nos quatro níveis por especialistas. Conforme o Ministério da Justiça, o nome sugere “o teor bárbaro e nefasto” dos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes.
“A internet facilita esse tipo de conduta criminosa e, via de regra, os criminosos agem nas sombras e guetos da rede mundial de computadores. Luz na Infância significa propiciar às vítimas o resgate da dignidade, bem como tirar esses criminosos da escuridão para que sejam julgados à luz da Justiça”, diz a nota divulgada.
Integração. A Secretaria Nacional de Segurança Pública também destaca que a ação desta sexta resulta de uma força-tarefa entre a Diretoria de Inteligência do órgão e setores especializados em todo o País – como delegacias de repressão a crimes contra crianças e adolescentes e crimes cibernéticos, que vêm aprimorando o trabalho integrado.