O Tribunal de Justiça da Paraíba propôs uma parceria ao Município de Campina Grande, para implementar iniciativas que evitem a judicialização de executivos fiscais. A proposta foi apresentada, nesta segunda-feira (25), pelo presidente do TJ, desembargador Joás de Brito Pereira Filho, ao prefeito Romero Rodrigues, durante reunião na sede do Tribunal.
Com a parceria, que deverá ser firmada nos próximos meses, o Judiciário estadual espera dar mais um passo para o cumprimento da Meta 5 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a política de desjudicialização e enfrentamento do estoque de processos de Execução Fiscal, até 31 de dezembro de 2017.
O desembargador Joás Filho explicou que o Poder Judiciário do Estado conta, hoje, com um estoque de execução fiscal muito alto e o objetivo da Meta 5 é resolver não somente o acervo, mas, também, evitar a judicialização. “A juíza Renata Câmara, coordenadora dessa Meta no âmbito do Poder Judiciário estadual, apresentou uma série de medidas ao prefeito, para que ele possa aderir a essa nossa luta. Começamos com a Prefeitura de João Pessoa e, agora, estamos propondo essa parceria à Prefeitura de Campina Grande, que são os dois maiores litigantes dessa execução fiscal”, explicou.
Dentre as sugestões feitas para a parceria estão a realização de, pelo menos, um mutirão de conciliação das execuções fiscais e extrajudiciais; estimular o protesto de título nas execuções fiscais ajuizadas; reduzir o ajuizamento para a cobrança de débitos de pequeno valor, utilizando-se de formas alternativas de cobrança, como o protesto extrajudicial, diante do custo do trâmite das execuções fiscais; e criar uma ferramenta de alcance nacional, que permita dar maior eficiência e facilidade na operacionalidade à decretação de indispensabilidade de bens, prevista no artigo 185-A do Código Tributário Nacional, a exemplo do Cadastro Nacional de Condenados por Ato de Improbidade Administrativa e por Ato que Implique Inelegibilidade (CNCIAI).
Após ter conhecimento das propostas do Tribunal de Justiça, o prefeito Romero Rodrigues demonstrou interesse em firmar a parceria. Relatou que, coincidentemente, a Prefeitura de Campina vem trabalhando com o setor de arrecadação. Contou que há, de fato, muita pendência no Judiciário, como também pendência de cumprimento de pagamento junto à Prefeitura, que ainda nem foram judicializados.
Na opinião do prefeito, encontrar um caminho de arrecadar, sem que haja punição ao contribuinte, mas uma oportunidade para que ele cumpra seu compromisso junto à Receita Municipal, utilizando-se de um Refis que reduza juros, multas e correção monetária, será positivo para as duas partes, Município e contribuinte.
“Acho essa parceria fundamental, até porque é uma recomendação da União nesse sentido. Estamos com o Refis tramitando no Poder Legislativo Municipal. Conforme a recomendação do Tribunal de Justiça, o presidente Joás e a magistrada Renata, vamos pegar uma legislação que já está sendo aplicada em alguns municípios brasileiros para ver se está totalmente adaptada ao que está tramitando no Legislativo Municipal. Se não, vamos apresentar emenda, adaptar às recomendações e avançar com as propostas. Esperamos, em novembro, fazer o Mutirão Fiscal e de Cobrança Tributária, na cidade de Campina, com a parceria do Tribunal de Justiça”, afirmou.
A juíza-coordenadora da Meta 5 do CNJ, Renata Câmara, informou que a Comarca de Campina Grande tem o segundo maior acervo de Execução Fiscal, o que representa quase 12% do total estadual. Por isso, disse considerar importante a participação da Prefeitura de Campina no projeto da Meta 5, para o julgamento dessas ações, bem como da proposta de desjudicialização.
“Essa reunião foi de grande valia para o Tribunal de Justiça, porque fechamos um parceiro importante, dada a posição de Campina Grande como o segundo município com o maior acervo de execuções fiscais. Além de que, percebemos a vontade e o interesse do prefeito Romero Rodrigues em participar dessa Meta que, na realidade, é uma política nacional. O prefeito mostrou entusiasmo para enfrentar essa situação, não só na fase pré-processual, nessa fase administrativa que compete à Prefeitura, mas também no enfrentamento das ações de Execução Fiscal que já foram ajuizadas”, comemorou a magistrada.
Também participram da reunião o procurador-geral do Município de Campina Grande, José Mariz, que veio acompanhando o prefeito Romero Rodrigues; o diretor de Gestão Estratégica do TJPB, Tony Márcio Leite Pegado; bem como a gerente de Estatística do Tribunal, Renata Grigório.